segunda-feira, 17 de maio de 2021

O PROBLEMA NÃO ESTÁ NO DROGA – ESTÁ NA ALMA

 

De cada 100 pessoas que experimentam crack ou derivados dessa composição, algo em torno de 20 tornam-se dependentes. É um número assustador, preocupante, claro, mas é importante notar uma coisa: é a minoria. O crack é mais viciante que a maconha (9%), menos do que o tabaco (32%, a taxa mais alta entre as drogas). Mas a grande questão é a seguinte: o que faz com que algumas pessoas que experimentam as drogas fiquem dependentes e outras não?
Segundo o médico húngaro-canadense Gabor Maté, a resposta é simples: as pessoas que se afundam nas drogas são as mais frágeis. Gabor é um dos especialistas mais respeitados do mundo em dependência e esteve no Brasil esta semana. Sua palestra, no Congresso Internacional sobre Drogas que aconteceu no fim de semana em Brasília, foi imensamente esclarecedora.
“Em 20 anos trabalhando com usuários em Vancouver, eu nunca conheci nenhum dependente que não tivesse sofrido algum tipo de abuso na infância – abuso sexual ou algum trauma emocional muito grave”, ele disse. Ou seja: dependentes de drogas são sempre pessoas com fragilidades emocionais causadas por traumas na infância.

O momento mais polêmico da palestra foi quando ele afirmou algo que ninguém esperava ouvir: “drogas não causam dependência”. Como assim não causam? E aquele bando de gente esfarrapada no centro da cidade? Ele explica: “a dependência não reside na droga – ela reside na alma”. É que quem sofreu abusos severos na infância acaba tendo sua química cerebral alterada e cresce com um eterno vazio na alma. Frequentemente esse vazio acaba sendo preenchido com alguma dependência. “Pode ser uma droga, ou qualquer outro comportamento que traga algum alívio, ainda que temporário: compras, sexo, jogo, comida, religião, internet.”

A cura para a dependência, portanto, não é a destruição da droga: é o preenchimento do vazio na alma. Gabor, aliás, sabe muito bem do que está falando. Ele próprio, afinal, sente esse vazio. Ele nasceu em Budapeste em 1944, durante a ocupação nazista, com a mãe deprimida, o pai preso num campo de trabalhos forçados, os avós assassinados pelos alemães. Quando cresceu, para aliviar a dor emocional que sentia, desenvolveu uma dependência: “virei um comprador compulsivo”.
O sofrimento que Gabor sente está óbvio em seu rosto: nos seus traços trágicos, nos olhos tristes. Mas ele encontrou paz: seu trabalho ajudando dependentes lhe trouxe sentido na vida e esse sentido preencheu, ao menos em parte, o vazio.

Em resumo: crianças que foram muito maltratadas acabam virando adultos “viciados”. E aí o que nossa sociedade faz? Trata mal essas pessoas. “Nós punimos as mesmas crianças que falhamos em proteger”, diz Gabor.

Na semana passada, uma pesquisa do Datafolha mostrou que o maior medo dos paulistanos é o de perder seus filhos para as drogas. É um medo compreensível e do qual eu, como um quase pai (minha primeira filha nasce no mês que vem), compartilho. Mas esse medo não pode justificar políticas repressivas e violentas, que impõem tratamento religioso forçado e dá poder ilimitado à polícia. Isso só vai aumentar o estresse na vida de gente que já é frágil – e é sabido que estresse piora a dependência.

Hoje já está claro que o único jeito de lidar com gente que tem um vazio na alma é com compaixão. O que essas pessoas precisam não é de cadeia nem de conversão forçada nem de projetos de lei medievais como o que está tramitando agora no Congresso, com apoio do governo federal – é de compreensão e de ajuda para encontrar algo que ajude a dar sentido para as suas vidas.

Uma pesquisa em Portugal revelou que as drogas eram o maior problema do país. No ano seguinte, o governo português teve a coragem de montar um novo sistema, muito mais barato para o contribuinte, comandado pelo ministério da saúde, sem internações compulsórias nem violência policial.

Ano retrasado, a pesquisa foi repetida e drogas nem apareceram na lista dos dez maiores problemas portugueses. O problema havia sido resolvido. Com compaixão.


Fonte: http://www.alcooledrogas.unb.br/8-crr/informacoes/37-o-problema-nao-esta-no-crack-esta-na-alma-11-05-2015

Tópicos do mesmo Especialista 

https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2019/11/18/vicios-tem-origem-em-traumas-e-nao-estamos-atacando-as-causas-do-problema-diz-medico-canadense.ghtml

https://www.psychologytoday.com/us/blog/addiction-in-society/201112/the-seductive-dangerous-allure-gabor-mat

https://www.bbc.com/portuguese/internacional-50459101

https://jornaldaqui.com.br/qual-e-sua-dor/


sábado, 15 de maio de 2021

Onde Está Meu Coração????


Seriado lançado pela Globoplay a poucas semanas atrás, retrata em detalhes minuciosos parte do que o dependente químico e a família sofre com essa doença, progressiva, incurável e fatal. A primeira coisa a ser colocada nesse texto é o PRECONCEITO que vem vinculado a uma HIPOCRISIA QUE NÃO TEM TAMANHO.

Hoje a droga que mais mata se chama Álcool, não como morte direta a substância, mas sim através de brigas, acidentes de trânsito, cirrose e como é a campeã em substância depressora. Incrível como a sociedade AMA dilacerar o dependente químico, como noiádo, drogado, zé droguinha e crackeiro, cheirador, maconheiro, e centenas de nomes que a maioria hipócrita apelida e dissemina pelo mundo a fora.

Infelizmente o Brasil está 10.000 anos atrasado em relação a esse problema.

SAÚDE, SEGURANÇA E EDUCAÇÃO, são os princípios básicos para começar a enxergar esse problema que não distingue, raça, poder aquisitivo, religião, cor e nada que existe para nos diferenciar.

Você já se olhou e reparou quantas coisas nesse mundo te fazem escravos? Não né, pois o vizinho é mais importante que o seu problema. Julgar é mais fácil que estender a mão. Já vi muitos pais morrendo pela boca em ter os filhos totalmente escravos de alguma substancia, quando arrotavam que o problema do outro é uma catástrofe, enquanto sua casa se desintegrava. 

Noruega, Dinamarca, Bélgica, Suíça, Alemanha e muitos outros países enfrentam o pior pesadelo que é a Heroína “A droga Branca do Afeganistão”. Alías, hoje temos Cristal, Crockoodil, NineNine, Oxi, MD, e muitas outras que não quis me aprofundar na pesquisa., pois estava me fazendo mal. Todos as vítimas são tratadas como um problema de saúde e não como um deficiência e aberração. (Neste exato momento estou finalizando o 8º episódio e está difícil em seguir em frente)

PORQUE ESSE ASSUNTO É TÃO EXCLUÍDO SE O PROBLEMA ESTÁ AFETANDO 250 MILHÕES DA POLPULAÇÃO MUNDIAL 

Já parou para pensar porque o dependente químico abandona o seu lar, o seu conforto, à sua família para morar na rua?

Na minha maneira de pensar o motivo é porque isso é uma doença da ALMA e não há remédios ou um chá que resolva, se não for tratada espiritualmente.

A Dependência química hoje no Brasil está em todo lugar quer você queira ver ou não, existem diversas crackolandias espalhadas pelo nosso país, triste, mas uma realidade.

Podemos falar desse tema ou vamos negligenciar?


quarta-feira, 19 de dezembro de 2018


PERSEVERANÇA


Em tempos difíceis nossos pensamentos costumam nos colocar para baixo, talvez criar desesperanças, desilusões e sensações ruins. Se algo de ruim aconteceu em nossas vidas por causa de nossa doença ou de uma recaída, não devemos simplesmente nos entregar ao que nos acontece de ruim, temos que reverter isso o mais rápido possível. A força que vem de dentro de nós é mais forte de que qualquer enfermidade que possa nos atingir. Quando se tem a doença da adicção nós temos dois lados da moeda, podemos sofrer muito com ela ou podemos entender que ela nos foi concebida para que possamos primeiramente buscar conhecer a nós mesmos e fazer dela um enorme crescimento espiritual. Não devemos enxergá-la como um bicho de sete cabeça, devemos olhar ela com acolhimento e perceber que nos foi dado uma oportunidade de crescer em todas as áreas de nossa vida através dessa enfermidade. Temo que pegar tudo de ruim que nos aconteceu e transformar em aprendizado para corrigir o que está nos impedindo de nos manter limpo. Cada detalhe da nossa doença e recaída deve ser olhado com carinho e atenção. Aonde erramos? Porque estamos tendo dificuldades nessa área? O que me levou a permanecer no erro? Como posso corrigir tudo isso? O primordial em nossa recuperação é: recomeçar com nosso pedido de ajuda. Não há nada errado em recair ou não saber lhe dar com nossa doença, afinal não nascemos sabendo de tudo e muito menos esperávamos ser portador dessa doença, porém quando começamos a olhar para a solução as coisas começam a melhorar e basta olharmos a nossa volta com um pouquinho mais de atenção e veremos que o recomeço da nossa recuperação está em tudo a nossa volta, primeiramente em Deus, em nossos companheiros e nas pessoas dispostas a nos ajudar. O desejo de ficar limpo pode ser trazido olhando um pouco para Deus e percebendo que ele nos presenteou com uma NOVA CHANCE.

Este texto eu dedico a minha amiga e meu chicletinho que amo tanto.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

COMPORTAMENTOS

13 de Junho                                                                                        Só por Agora


                        Nossa doença é de fato uma doença comportamental, sendo assim a primeira coisa que nos deparamos para entrar em recuperação depois de parar de usar são nossos comportamentos. A vigilância neles tem que ser constante pois nossa doença não para de agir um minuto sequer, ela progride junto com nossa recuperação. A maioria de nós tem dificuldades em mudar nossos comportamentos em pouco tempo, levamos normalmente anos, e isso influência muito na frase “entrar em recuperação” pois não basta somente para com o uso de substâncias que alterem de algum modo nossa mente, temos que realmente estar em recuperação. É isso inclui princípios a ser seguidos, não podemos ser enganados por nossos comportamentos, ou eles nos levarão de volta ao uso ou até mesmo uma péssima qualidade de vida, mesmo sem usar. Porque não obter o melhor que a recuperação tem a nos oferecer?









“Só por agora eu vou afastar meus maus comportamentos e permitir que os bons comportamentos assumam a nova pessoa que está em recuperação”

terça-feira, 11 de junho de 2013

Velhas Maneiras de Viver

12 de Junho                                                                                        Só por Agora



                            Quando entramos em recuperação, normalmente passamos um bom tempo ou nossa recuperação inteira sentindo falta da nossa velha maneira de viver, dos antigos amigos, dos antigos hábitos, dos antigos lugares, enfim das coisas que nos davam prazer na nossa adicção ativa. O processo de descobrir novos prazeres em recuperação é longo e difícil, às vezes doloroso demais para alguns, pois não há mais como anestesiar nossos sentimentos. Temos que manter a serenidade, usarmos nosso grupo de escolha para nos fortalecer e nos apadrinhar durante todo esse processo até que chegue o momento que criaremos nem que seja um mínimo prazer em compartilhar coisas boas em recuperação, sentir novos prazeres. Esses prazeres demoram muito as vezes pra chegar, as vezes nos deixam, e em seguida retornam, mas temos que senti-los para apreciar as coisas boas que a recuperação nos oferece. Não podemos deixar nossa raiva, ressentimentos, dor, e outros sentimentos ruins tomarem conta de nós no nosso processo de recuperação, pois se isso acontecer não aguentaremos nos manter firme e abriremos a porta para uma rota de colisão. Procurar coisas novas e abandonar o velho é descobrir uma nova vida, perceberemos que outros conseguiram e nós também podemos conseguir essa nova maneira de viver.




“Só por agora eu vou escolher abandonar minha velha maneira de viver me contrariando e deixarei ser guiado para as novas maneiras de viver que me levarão para a liberdade”

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Desistir ou Entregar-se

11 de Junho                                                                                        Só por Agora


            Muitas vezes nos vemos em situações em que temos que fazer escolhas difíceis, eu mesmo ontem lembro-me muito bem em um certo momento em que um companheiro após uma hora e meia de uso de drogas com a compulsão aberta e completamente obsessivo por mais drogas, foi lhe dado a escolha de render-se e optar por entrar em recuperação, pois sua esposa não aguentava mais ele ficou desaparecido durante três dias e quando apareceu em casa ela resolveu pedir ajuda para que fossemos aborda-lo. Tentamos com todo amor fazer com que ele parasse, teve uns contratempos mas enfim conseguimos. Mas tarde fiquei sabendo que ele voltou ao uso, então isso vem me mostrar que essa pessoa ainda vai sofrer muito e fazer muita gente sofrer isso se não chegar a morrer por causa da adicção. O que eu quero expor com essas palavras de hoje é que mesmo nos momentos difíceis temos escolhas, mas cada um sabe o quanto ainda quer sofrer ou pagar preços, com perdas, vidas e muitas outras coisas. Mas quando se toma o caminho errado normalmente não se ganha nada, o aprendizado da dor, obviamente machuca demais nossos sentimentos, e fica claro que isso não é sadio para nossa mente, talvez necessário mas tem consequências drásticas numa vida e deixa sempre sequelas que são difíceis de ser apagadas. Por mais que alguns de nós encontre o caminho da recuperação mais tarde do que outros, vale lembrar que quanto mais cedo entrarmos em recuperação, mais cedo colheremos esses benefícios. E uma coisa eu garanto “não vai existir a cura pra adicção” pois seus comportamentos não podem ser modificados por remédios.



            “ Só por agora eu escolho o caminho da recuperação, já não quero mais sofrer nem fazer ninguém sofrer” 

quinta-feira, 14 de março de 2013

Um Novo Começo

            Quando olho para trás e vejo o rumo que as coisas tomaram no passado e entendo que as decisões tomadas foram as melhores, não que eu tenha tido facilidade em aceita-las mas sei que a forma como foram conduzidas me levaram a onde estou hoje, limpo e sereno. Talvez não esteja ainda completamente feliz com tudo, mas sou grato por cada dia que se passou, sinto muita dificuldade de lidar com meus sentimentos, mas parando pra pensar. Quem não tem essa dificuldade? Todos tem! Todo ser humano sofre com essa enorme dificuldade de lhe dar consigo mesmo, de encarar os problemas de frente, a única diferença hoje é que eu não tenho como anestesiar a minha dor eu tenho que senti-la até o fim. O tempo curou bastante coisa em minha vida e ao redor de mim, mas ainda existem fantasmas que me assombrarão por muito tempo, não serão fáceis de espantá-los. Hoje encaro meus medos de frente, o tempo tem me ensinado a não mais me esquivar dos meus problemas apenas conviver com eles da maneira que eu posso, não posso me livrar deles mas posso dar um basta nele, posso preencher meus vazios com coisas boas. Nem sempre estou de bom humor a raiva é companheira, mas o amor é muito mais, ele toma conta e com certeza sobressai sobre ela. As coisas estão acontecendo tudo no seu tempo certo, e eu sei que Deus tem um plano pra mim eu só preciso ser forte e me manter no seu caminho como uma ovelha fiel e obediente. As tentações virão, mas hoje estou mais forte e a cada dia que passa me fortaleço mais, pois cada dia limpo é mais um dia distante, e mais um dia distante é um dia perto de novos prazeres e esses prazeres são minha nova vida ..... 

Senhor tenho ânsia de conversar contigo,
De te encontrar;
Dizer o que penso e o que sofro;
Por isso, ensina-me a te ver,
Em todos os instantes dos meus dias;
Na primeira face que eu encontrar no caminho;
No primeiro olhar que me for dirigido;
Na primeira voz que eu escutar;
No primeiro aperto de mão;
No vento que me toca leve;
Na água pura e cristalina que me serve;
No Sol que beija o meu rosto;
Na beleza da noite, silenciosa e amiga;
Pois só Tu, és a Paz.
Amém.  

O PROBLEMA NÃO ESTÁ NO DROGA – ESTÁ NA ALMA

  De cada 100 pessoas que experimentam crack ou derivados dessa composição, algo em torno de 20 tornam-se dependentes. É um número assustado...